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Mas que cagada! - microconto
Sete quarteirões andando debaixo daquele sol que queimava até meus neurônios. Mais dez minutos suando em pé e o ônibus chegou. Cadeira, enjoo, calafrio, cólica, barulho na barriga, desespero. Desci sem pensar em nada, olhei ao redor, um barzinho de madeira, era lá mesmo.
— Oi, eu tô passando mal, posso usar o banheiro?
A velha apontou pra um canto e corri. Vaso manchado, uma crosta de algo podre no fundo, respingos de urina e sem tampa. Sentia que alguém me observava pelo espaço entre as tábuas podres da parede, o que minha barriga ignorava tanto quanto o nojo e o cheiro fétido.
Não tinha papel. Não tinha descarga. Um balde brilhava aos meus olhos. Sorri em sincera e decadente felicidade. Liguei a torneira de enfeite na parede, mas não saiu nem uma gota de água Mais desespero. Saí sem avisar e deixando uma quantidade invencível de merda.
Fugindo com tanto medo quanto um procurado pela polícia, cheguei à parada do ônibus. Abri a bolsa cerzida, procurei e não achei. Cadê o dinheiro pra outra passagem que tava aqui?
Jeong Hana
Enviado por Jeong Hana em 31/08/2022
Alterado em 05/09/2022
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